Fantasie Minor
Marco da Silva Ferreira
9 NOV — dom, 
17:00
Praça do Infante
Entrada livre

Com o título emprestado do campo lexical do piano, Fantasie Minor surgiu do encontro com Chloé Robidoux e Anka Postic, jovens bailarinas de Caen. Dançam juntas desde a infância, com formação em dança urbana (hip-hop, dancehall, house dance), que desempenhou um papel importante na sua relação e na sua construção enquanto pessoas.

Esta peça responde à proposta do Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie de imaginar uma obra que possa ser apresentada em locais muito diferentes: com um palco facilmente adaptável de 4×4 metros, Fantasie Minor pode ser apresentada em recintos fechados ou ao ar-livre, em teatros ou jardins, em praças públicas, etc. O espaço do palco impõe uma proximidade constante às bailarinas, um factor com o qual têm de lidar e negociar.

Esta partilha de espaço entre duas pessoas é também o desafio da música da peça, Fantasie em Fá menor, op. 103, de Franz Schubert, uma composição para piano a quatro mãos, em simetria com os quatro pés dos bailarinos neste espaço muito limitado.

Por pertencerem a uma cultura de « battles » e « cyphers », as duas artistas reinventam constantemente a sua prática. Existe algo de fraternal e competitivo entre si, como se estivessem continuamente a responder à lógica do jogo. Estes elementos biográficos, estas reminiscências juvenis, percorrem uma composição coreográfica inspirada nas danças que estes corpos estudaram. Fantasie minor é uma espécie de rito de passagem, uma ideia que é sublinhada pela Fantasie em Fá menor, a última peça composta por Schubert antes da sua morte aos 31 anos, como uma premonição de outro rito de passagem.

A dança interage com esta composição com a abordagem ilustrativa que as danças urbanas adotam em relação à música. A apresentação começa de forma virtuosa, quase conquistadora, mas à medida que a coreografia avança, outras sensibilidades emergem. Como se, além de «conquistar o palco e o público», fossem as próprias bailarinas a permitir-se sentir ou revelar uma dimensão mais frágil. A música alterna entre diferentes estados de espírito, permitindo às intérpretes alternar entre estas duas sensibilidades. As botas de biqueira dura que calçam amplificam essas variações. Usadas como se fossem calçado de ballet durante toda a peça, conferem às suas figuras um aspeto mais pesado e mais enraizado. O dueto é construído em torno deste contraste entre o pé que bate no chão com força e segurança e o piqué quase cristalino do ballet clássico. O absurdo e o virtuosismo tornam-se um trampolim para uma redescoberta estética, técnica e pessoal.

Podemos tratar-nos por tu?

Conversa público-artistas após o espetáculo.

Duração: 30min.

Podcast Pedra Dura

O Podcast do Festival Pedra Dura liga-se neste episódio ao Porto, para falar com Marco da Silva Ferreira. O coreógrafo e bailarino, que tem marcado presença em palcos de Paris a Taiwan, desce a Lagos no domingo, para fechar esta 4.ª Edição com o seu Fantasie Minor. Um espetáculo apresentado ao ar livre, na Praça do Infante. Uma dança que se faz na rua e que vai buscar à rua algum do seu vocabulário.

Ouvir aqui

Fantasie Minor
Marco da Silva Ferreira
centre chorégraphique national de Caen en Normandie tout-terrain collection

Concepção e coreografia
Marco da Silva Ferreira

Intérpretes
Anka Postic, Chloé Robidoux

Design e criação sonora
Rui Lima e Sérgio Martins, a partir de Fantasie in F minor de Franz Schubert
(Pianistas: Lígia Madeira e Luís Duarte; Gravação e mistura em estúdio: Suse Ribeiro)

Desenho de luz
Marco da Silva Ferreira, em colaboração com Florent Beauruelle e Valentin Pasquet

Figurinos
Aleksandar Protic

Assistente de coreografia
Elsa Dumontel ou Daphné Waksmann-Mauger

Direção técnica (alternadamente)
Florent Beauruelle ou Valentin Pasquet

Produção executiva
Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie

Coprodução
Le Trident, Scène nationale de Cherbourg-en-Cotentin TANDEM Scène nationale Arras-Douai Culture Commune, Scène nationale du bassin minier du Pas-de-Calais
Espace 1789, Scène conventionnée d’intérêt national pour a dança de Saint-Ouen Atelier de Paris / CDCN

Apoios
Ministère de la Culture — "DRAC Normandie — Résidences d'Artistes"
Calvados — residência em Terre d’Auge
Caisse des Dépôts
Institut Français — Temporada França-Portugal 2022

Estúdio cedido por
La Bibi, Caen

O Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie é financiado pelo Ministério da Cultura francês — DRAC Normandie, pela Região da Normandia, pela cidade de Caen, pelo Departamento de Calvados e pelo Departamento de Manche. Recebe apoio do Institut Français para algumas das suas digressões internacionais.

Marco da Silva Ferreira nasceu em 1986 em Santa Maria da Feira. É formado em fisioterapia pelo Instituto Piaget, Gaia (2010).

Artista profissional desde 2008, dançou para André Mesquita, Hofesh Shechter, Sylvia Rijmer, Tiago Guedes, Victor Hugo Pontes e Paulo Ribeiro, entre outros. Trabalhou como assistente artístico de Victor Hugo Pontes em Fall e Se Alguma Vez Precisares da Minha Vida, vem e toma-a, em 2014, e mais tarde, como assistente coreográfico na encenação de Hamlet pela Mala Voadora. O seu trabalho como coreógrafo desenvolveu-se em torno de práticas urbanas, numa reflexão contínua sobre o significado das danças emergentes hoje em dia, através de um expressionismo abstrato e altamente autobiográfico.

Hu(r)mano (2013), marcou um ponto de viragem na sua carreira, com a apresentação na Aerowaves Priority Companies (2015). O espetáculo tem sido apresentado em festivais internacionais como: Mercat des las Flores, Barcelona; Atelier de Paris/CDCN June Events, Paris; Panorama Festival, Rio de Janeiro; Lublin Dance Theatre, Polónia; The Place, Currency Festival Londres; L’héxagone, Meylan; (re) acquaintance, Grenoble; Les Subsistances, MOI de la danse, Lyon.

BISONTE estreou no Teatro Municipal do Porto, em 2019, e foi recentemente apresentado no Teatro Municipal São Luiz (Lisboa), Charleroi danse (Bruxelas); PT’19 (Montemor-o-Novo) e, em 2020, fez uma digressão por França (Toulouse, Bordéus, Lyon e Paris). SIRI (2021), o seu mais recente trabalho, é uma coprodução com o cineasta Jorge Jácome e estreou no Festival Dias da Dança, no Porto. O espetáculo conta com o apoio da Fondation d’entreprise Hermès, no âmbito do programa New Settings. Entre 2018 e 2019, Marco foi artista associado do Teatro Municipal do Porto e, de 2019 a 2021, artista associado do Centre Chorégraphique National de Caen en Normandie.

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